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sábado, 25 de fevereiro de 2012

OS MAIS DISCRIMINADOS SÃO OS POBRES


Na realidade não sei o que se passa na cidade, estou completamente desinformado do que anda acontecendo, mas não é de se admirar, não sou um cara muito interessado em eventos sociais ou coisa parecida, ultimamente tenho ficado mais em casa. Mas acho que não era disso que eu queria falar, gostaria por certo de escrever sobre algo de útil, algo interessante, mas algo que eu mesmo tenha formulado e não apenas copiado e colado, gostaria de escrever sobre a... Não sei o que escrever aqui, sobre mim não vale mais, pois é o meu tema favorito, talvez tenha alguma opinião em relação a condição homoafetiva, que nos dias de hoje continua a ser um tema polemico, e a condição homoafetiva existe desde que o mundo é mundo e colocaram gente em cima dele, creio que nossa cultura ainda hoje, apesar de todas as leis para proteger o cidadão ou cidadã homoafetivo, apesar da divulgação da mídia ser positiva em relação a questão da aceitação social dos seres humanos que tem preferência sexual diferente da tradicional heterossexualidade, ainda vai levar muito tempo para que realmente acabem as diferenças de prestigio social entre os seres humanos que gostam do mesmo sexo e dos que gostam do sexo oposto.
Talvez isso nunca aconteça, ou aconteça aos poucos no decorrer dos séculos, assim como vem acontecendo com os negros em toda parte do mundo, onde antes eram tratados como seres inferiores e dignos de escravidão, hoje eles tem o seu direito garantido pela constituição, o que não evita o preconceito e a aversão a sua cor ou etnia por parte de pessoas que não conseguem assimilar as diferenças, isso pode-se falar também no campo religioso, onde a descriminação talvez seja mais acirrada ainda, pois são maiorias que se enfrentam, uma se julgando melhor do que a outra. Nesse texto sobre preconceito não poderia deixar de falar dos pobres que talvez seja a condição menos favorecida com os beneficios da lei e que sofre também infindáveis níveis de descriminação, os pobres são descriminados tanto pelos gays, como pelos heteros, com pelos negros, como pelo clero, como pela sociedade em geral, basta que o cidadão ganhe um pouco mais de dinheiro que ele e possa comprar alguma coisinha material, que ele começa a evitar os pobres, ninguém gosta de pobre, só Jesus Cristo era apaixonado por eles, aqui e acolá aparece um cidadão que tenta dar auxilio ao povo pobre, mas é só. Poucas são as pessoas que tem amigos mendigos, a não ser o próprios mendigos, e olhe que existe mendigos, gays, negros, brancos, religiosos, mas nenhum deles tem o apoio de seus semelhantes seja na preferência sexual, seja na etnia, seja na crença, estão como que separados da sociedade por uma fronteira feita de fatores financeiros, nem os bandidos gostam de mendigos, por causa do dinheiro que eles tem, não estou dizendo que todas as pessoas tem aversão a mendigos, eu por exemplo gosto de conversar com eles de vez em quando, são as pessoas mais receptivas, e entre uma esmola e outra, você pode fazer uma pergunta, saber como ele faz para sobreviver nesse mundo sem emprego e sem ninguém por ele, sem assistência médica ou odontológica, certa vez apareceu um rapaz travesti, mas vestido humildemente, vendendo umas mangas que ele pegou na mangueira do campus da UFC - Universidade Federal do Ceará - e ele acabou ficando assíduo aqui em casa pedindo alguma coisa ou outra, certo dia ele apareceu com uma dor de dentes, com muita dor mesmo, e o que ele podia fazer, nada, só esperar a dor passar, pois para se conseguir um atendimento gratuito com um dentista aqui no brasil, você tem que esperar semanas em uma fila, para conseguir um atendimento meia boca.
Concluímos então que vivemos em um país de diferenças das mais variadas mas que necessariamente não temos uma harmonia tão grande, há conflitos em todos os setores da sociedade, sempre alguem vai estar vilipendiando alguem, sempre as pessoas vão se sentir melhores do que as outras e por isso com mais direitos do que as outras.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

UM DIA CHUVOSO



Hoje acordei cedo no intuito de continuar minha leitura do O HOMEM REVOLTADO de Albert Camus, é uma leitura instigante, mas hoje pela manhã não estava com muita disposição para lê-lo, parecia que minha vista estava embaçada, fui ao banheiro lavei o rosto, mas continuei com a vista turva. Talvez por estar acordando naquele momento, meu cérebro não devia estar totalmente ativo, o fato é que não consegui me concentrar na leitura e deixei o livro em cima da mesa.

O dia amanheceu nublado, chovendo para ser mais exato, o clima estava frio e a luz demorou a sair, como não consegui ler mesmo tomando uma xícara de café para despertar os sentidos, resolvi ligar o computador e ver como poderia me divertir nessa manhã. Dei uma olhada no meu blog e verifiquei a contagem de visitas, estava em 260, acho um bom numero, e ás vezes me pergunto se ao menos uma pessoa destas que visitaram meu blog pararam para ler alguma coisa que escrevi. Não sou um bom escritor, meus temas são extremamente limitados, falo muito de mim mesmo como agora, falo sobre o que está ao meu redor, geralmente o que escrevo brota de dentro de mim; quando me sento na frente do computador, muitas vezes não faço a menor ideia do que vou escrever, sai muita besteira, e muita coisa que não interessa a ninguém além de mim, mas que mesmo assim eu publico no meu blog, pois acredito que possa existir no mundo uma pessoa que se identifique com o que escrevo, e um dia possa comentar alguma coisa. Ainda falta muito para me tornar um bom escritor, mas como li na nota do tradutor da Ética a Nicômaco de Aristóteles, è melhor fazer mal feito do que não fazer nada.

O mundo sempre foi muito competitivo, a vida é um jogo dizem alguns, a vida é um vale de lagrimas dizem outros, e ainda há aqueles que dizem que a vida é uma festa, cada pessoa encara a vida ao seu modo, eu acho que a vida é uma força independente dos seres vivos, é uma coisa que está acima dos nossos valores morais e que passa por cima de tudo para continuar seu caminho. Ás vezes nós dizemos que temos uma vida no sentido de estar no controle desta vida, mas na realidade é a vida que nos têm, e se a vida é um jogo, com certeza você não é um jogador da vida como em uma partida de futebol; tomando-se a vida como um jogo, cada um de nós seria como uma peça em um grande quebra cabeça, não somos nós que estamos no comando das ações do jogo, mas sim a própria vida que joga conosco, como se fossemos peças em um tabuleiro de xadrez. Quando tentamos sair do domínio da vida e tomar a rédea da vida que há em nós, essa vida que nos anima usa de todos os meios para nos dizer que não adianta lutar, ela sempre estará no comando.

Não sei por que comecei a falar da vida, mas é bem isso mesmo “deixe a vida me levar, vida leva eu.” como diz Zeca Pagodinho, “Se eu não posso te levar, espero que você me leve.” Como diz o eterno poeta Cazuza, essa é a minha compreensão da vida, não sei se é a certa, me parece óbvia, mas eu posso estar errado, como estou errado em muitas coisas que acredito serem verdadeiras, nunca se pode ter 100% de certeza da nada, talvez só da morte, mas só vamos ter essa certeza quando morrermos, pode acontecer de você ser o único ser humano que por algum motivo não morre e ai já não se pode ter certeza de nada, nem que 2+2=4 pois há quem diga que 2+2=5, dizem que tudo é uma questão de perspectiva, não há verdades absolutas dizia Nietzsche, pelo menos é o que ouvi falar que ele disse, pode ser uma mentira, e por que não preferir a mentira? Pergunta ele. Não sei, achamos que a verdade satisfaz mais os nossos anseios, que a verdade liberta, mas há muito tempo as melhores mentes têm buscado a verdade e ela se apresenta de variadas maneiras, há muito tempo se perguntam os homens se Deus existe ou não existe, e eles não têm como provar nem uma coisa nem outra. E como se daria a morte de Deus? Teria que ser na mente dos homens e no caso ele morreria só para os homens. O homem criou Deus? Acredita-se que em determinado momento da evolução humana o homem para explicar a si mesmo fenômenos naturais, como o raio, o trovão, um tsunami talvez, julgou que essas forças da natureza eram obras de um deus, se a explicação é essa para que o homem acredite ter criado Deus, então é uma explicação muito passível de ser refutada, pois ainda há fenômenos naturais sem explicação cientifica, perguntas mais antigas que a ciência sobre o homem, o mundo, a matéria, a vida, o infinito, que nos faz necessário recorrer a um Deus criador para que não fiquemos apenas na interrogação, em um eterno e angustiante NÃO SEI, (Não sei por que estou aqui, não sei como vai ser amanhã, não sei como vou me sustentar, não sei por que estou vivo, não sei se vale a pena viver, não sei como vou pagar o aluguel, não sei como vou passar na prova, etc..) sobre Fenômenos naturais sem explicação que a ciência perscruta e quanto mais adentra no assunto mais inexplicável o assunto se torna, como é o caso da física quântica, nunca chegam a uma resposta positiva que dê fim ao mistério da existência das coisas, então muitos cientistas, principalmente físicos quânticos, começam a suspeitar que talvez exista um criador, um Deus.

Certas inteligências, talvez por serem muito inteligentes não conseguem conceber uma coisa que esta além da inteligência deles, que está além da compreensão deles, pois estão muito ligados a um ponto de vista antropocêntrico. Eu concordo com Nietzsche quando ele fala que a ordem que vemos nesse mundo é uma ordem porque são nossas mentes que organizam a realidade para que possamos apreciá-la de forma lógica, pois a lógica é humana, mas discordo dele porque se a lógica humana não estivesse aqui para sistematizar o mundo e sua realidade, esse mesmo mundo não poderia ser apreciado por uma “lógica” não humana? De certa forma Nietzsche quer dizer que o homem é a medida de todas as coisas, por isso Deus estaria morto, mas eu me pergunto, se por acaso houvesse uma guerra nuclear e raça humana perecesse e restassem só insetos como baratas e escorpiões, ele poderia afirmar que a terra deixaria de existir ou que as leis da gravidade sumiriam, só porque não teria um ser humano como observador.

Que a terra em si não existiria, mas sim só os seus fenômenos, que para serem fenômenos precisam de um sujeito que abstraia os mesmos. Fenomenologistas não acreditam na coisa em si, mas só em fenômenos, entendo eu quando eles dizem coisa em si, eles estejam dizendo a coisa como uma monada, uma unidade do objeto por trás de sua aparência, onde os seus atributos como dureza, cor, forma, massa, seriam os fenômenos que comporiam a coisa, mas que suprimindo esses quatro atributos do objeto não sobraria nada, concordo com eles que um objeto além de seus fenômenos não esconda uma essência, mas o que quero dizer é que para uma coisa ser um fenômeno (aparecer) tem que ser um fenômeno para alguém, e se as coisas são só os seus fenômenos, se por acaso não existisse nenhum observador ou ele deixaria de existir ou não poderia ser mas chamado de fenômeno, pois não estaria aparecendo para ninguém, que ele não seria mais um fenômeno disso eu não duvido, mas que sua existência seria suprimida por não ter um observador, nisso eu não acredito.

Para mim está claro o homem não é a medida de todas as coisas, ele apenas não entende que existem parâmetros e leis na natureza, na vida, no universo que estão para além da nossa compreensão, para além dos nossos valores morais ou da falta deles, é como se fosse outra linguagem usada, pode se dizer que em nós essa linguagem é a dos instintos, o que eu também não posso deixar de concordar com Nietzsche quando ele diz que tudo no homem é instinto, até a sua razão, sua consciência, que segundo ele essas duas características do ser humano surgiram quando o homem começou a reprimir seus instintos gerando consciência e razão.

Eu ainda sou da opinião de que Deus existe, parece que na bíblia tem um trecho que fala que mesmo que na face da terra morressem todos os homens e não tivesse ninguém para louvar a Deus, a pedras cantariam hinos de louvor, ou seja, as pedras ganhariam vida.

Eu acho que Deus nos criou por causa da solidão, Deus era muito sozinho e não tinha com quem compartilhar todo o seu amor, e hoje ele tenta nos conquistar a todo custo através do amor.

   

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

No calor do Meio dia


Os ventos solares golpeiam meu dorso nu
No calor do meio dia de minha vida
Aos raios ultravioletas sempre fico exposto
Queimando nos significados dessa luz crua
Cada raio é uma palavra de esclarecimento
Na escuridão pesada do meu subsolo existencial
Não posso impedir a luz de tocar minha epiderme
Apesar da minha concreta pigmentação morena
O sol é a luminosa verdade que se derrama
Sobre minhas trevas falsificadas por sorrisos engessados
Como um autômato movido por placas de silício
Vomito meu discurso imparcial e contraditório
Não me comprometo com a lei
Comprometo-me com a consciência
Dela tiro meu proceder e minha agonia
Pois sei que não sou diferente de ninguém
E estou incluído no grupo das sombras
Daqueles que foram banidos
Que são fracos como só eu posso ser
Mas o sol continua a brilhar
E sua luz é como a fogueira da inquisição
A verdade das chamas clama por pessoas a serem imoladas
Para diversão dos que são fortes e louvam o sol e suas verdades.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A SAGA DE JANICE


Janice era uma mulher bonita, por onde passava deixava os marmanjos a babarem com as belas curvas que tinha, andava sempre muito bem vestida, roupas de grife, bolsas de mão de cinco mil réis, brincos de pedras preciosas e sempre ostentava chapéus vindos especialmente de Paris. Janice tinha vinte e sete anos e era casada com o Sr. Márcio, que a desposara quando ela tinha dezessete anos e estudava em um colégio de Freiras próximo ao centro da cidade. Nesse colégio Janice aprendera a costurar, a cozinhar, estudara gramática e retórica, e teve algumas aulas de matemática, era um colégio para moças e lá se aprendia a ser boas donas de casa, boas esposas apesar das disciplinas um tanto quanto liberais. Quando não estava no colégio Janice ficava em casa com os pais, saia muito pouco, pois sua família era de uma austera rigidez. Muito religiosos mantinham-se “puros” e longe do pecado, o Pai sempre estava a dar lições de moral todas baseadas na bíblia, ele dizia que o homem nasceu com inclinação para o mal, por isso devemos estar em constante oração para não cairmos em tentação, - A carne é Fraca – ele dizia – e se sucumbimos a nossos impulsos seremos tragados pelo fogo do inferno e nossa alma perderá o brilho com o qual o Senhor poderia nos encontrar em meio às trevas que cobrem este mundo, e estaríamos perdidos por toda a eternidade.
Esses sermões eram dados à hora do jantar quando estavam todas as filhas reunidas, as meninas sabiam do que ele estava falando, a mais nova entre elas tinha quinze anos e se chamava Larissa, as outras duas eram Janice e Sara que tinha dezessete e dezenove anos, sabiam que ele estava falando das tentações da carne, do sexo que a todo custo deveria ser reprimido, Janice com seus dezessete anos escutava atônita o sermões do pai relacionados ao pecado da carne, mais não os levava muito a sério, não que ela tivesse a coragem de se entregar para algum rapaz somente por prazer, mas é que ela entendia que o sexo era uma coisa natural no homem e na mulher e por mais que seu pai dissesse que era um mau, um pecado, ela não acreditava; ela sabia que para a religião o sexo não era pecado se por acaso o homem e a mulher se casassem com a benção de Deus e começassem a fazer amor para procriar. Janice conhecia bem a bíblia, posto que passara a adolescência estudando-a, e para ela muito daquilo tudo era difícil de acreditar pelo conhecimento de mundo que ela tinha, mas também sabia que muita coisa que estava escrito no livro sagrado era certo como só a verdade pode ser, eram exemplos de vida que de certa forma nos mostravam o caminho para uma realidade superior. Aos dezessete anos Janice sabia como as coisas se passavam no mundo, sabia de todo o mal que ocorria em sua cidade, lia os jornais da época e entendia que de certa forma aquelas pessoas que cometiam aqueles crimes bárbaros não seguiam o mandamento do senhor que é amar ao próximo como a si mesmo e a Deus acima de todas as coisas, e entendia quando seu pai insistia nos sermões, pois era a única arma que tinha para livrar suas filhas dos perigos do mundo, de enveredar por caminhos que só trariam sofrimento e dor para eles. 
Na hora de dormir, ficavam Janice e sua irmã mais nova em um quarto, e era de noite que Janice entrava em contato com ela mesma e soltava tudo o que estava reprimido dentro dela, mas com cautela, pois sua irmã não podia escutar. Ela havia descoberto há algum tempo os caminhos que levam ao prazer em seu próprio corpo, e a noite, no escuro, ficava a imaginar as mais diversas fantasias, enquanto massageava seu clitóris com a mão. Janice sabia que o que estava fazendo era errado segundo as leis de Deus, mas ela não agüentava passar sem aquilo, e fazia sempre que possível. Depois ficava a sentir-se impura, como se fosse a mais vil das pecadoras e mal conseguia olhar para seus pais no outro dia, e ficava esperando a hora de se confessar com o padre Anselmo para aliviar a carga de pecados de seus ombros, depois que se confessava e ouvia os conselhos do padre e tomava sua penitencia, saia do confessionário radiante, ia até o assento de frente ao altar e pagava sua penitencia que consistia em rezar alguns Padres Nossos e algumas Ave Marias, assim ela ia vivendo.
Vamos falar agora um pouco do Marido de Janice, o Sr. Márcio, que desde muito tempo, era um grande proprietário de terras, morava para as bandas da chapada do Araripe, era muito rico, tinha plantações de feijão, sendo o maior exportador da região desse gênero alimentício, também tinha prédios na capital alugados a instituições do governo, era bem relacionado com o alto escalão da política do Ceará. O governador quando ia ao Cariri, hospedava-se em sua casa, e lá os dois tomavam cachaça envelhecida e conversavam sobre vários assuntos, como política, mortes, comercio. Depois baixavam o nível e começavam a fofocar, a falar das mulheres dos outros, quem tinha levado chifre, quem tava falindo, que a filha de fulano de tal tava dando por ai e outras coisas. Foi em uma dessas conversas que o governador que se chamava Olegário perguntou meio que levado pelo vapor da cana, porque seu Márcio ainda não havia se casado, pois com seus quarenta anos e sem filhos a vida podia ficar muito solitária na velhice. Seu Marcio respondeu que não tinha tempo para mulher e filhos, que era muito atarefado com todas as suas responsabilidades e que nenhuma mulher iria agüentá-lo por muito tempo, pois era muito temperamental, tanto que nem os peões o suportavam. Seu Márcio sempre fora muito crítico de si mesmo, para ele seu nascimento tinha saído errado, pois muitas vezes se acreditava doido.
O governador Olegário decidiu fazer uma proposta, que ajudaria seu amigo a sair da condição de solteiro e constituir família entrando no hall dos homens casados, que era bem mais conceituado na sociedade, pois transmitia a idéia de integridade moral. Esse casamento também serviria para tirar a imagem de degenerado de Seu Marcio, pois um homem solteiro com moças virgens dentro de casa sempre atraia os olhares da sociedade, e dentro da casa de seu Márcio trabalhavam as filhas dos peões, três ou quatro bonitinhas que ele mesmo escolhia nas famílias que moravam em sua propriedade, eram meninas entre doze e catorze anos, todas novinhas. Seus pais, homens e mulheres que trabalhavam para o seu Márcio não objetavam em nada de verem suas filhas serem levadas tão novas para trabalhar na casa de um homem solteiro e que morava sozinho naquela enorme casa, não objetavam porque eram muito submissos, suas condições financeiras não permitiam que tivessem maiores esplendores de honra e dignidade, pois trabalhavam ali como que para fugir da mendicância, da miséria total. Seu Márcio tinha essa triste fama de abusar dessas moçinhas, mas na realidade nunca desvirginou nenhuma, ele usava de outros métodos com elas para que continuassem intactas para um posterior casamento, ele tinha essa preocupação de não arruinar a honra das meninas, esse era um tipo de acordo silencioso entre os pais das moças e ele, os pais cediam suas filhas, mas com a garantia que voltariam virgens. 
Então o governador Olegário querendo ver o amigo casado e pensando na situação em que se encontrava a família de uma moça muito nobre e bela de fortaleza a qual ele tinha laços estreitíssimos, disse:
“Márcio, estamos aqui bebendo essa cachaça e fazemos isso há um bom tempo, mas me perdoe à indiscrição, acho que você está precisando de uma mulher para constituir família, já tem quarenta anos e não fica bem um homem rico, solteiro morando dentro dessa casa sem nenhuma companhia a não ser dessas meninas, que admito são muito bonitinhas e jeitosinhas e que devem lhe satisfazer as necessidades... (nessa hora o governador deu um pequeno sorriso)... más que de certa forma não faz muito bem para sua imagem nem aqui no cariri e nem em fortaleza, pois é de conhecimento publico essa sua predisposição por essas meninas que mal trocaram as fraldas.”
Márcio: “Por acaso passou por sua cabeça que eu me importo ou vou me importar algum dia com o que esse povo tem ou não tem para falar de mim? Você acha que daqui de onde estou eu escuto as fofocas que rolam contra mim aqui no Cariri ou até mesmo em fortaleza? Sei que tanto aqui como lá a maioria de vocês comem na minha mão, até mesmo você Olegário, não querendo jogar nada na sua cara, mas não posso deixar de dizer ante essa afronta que grande parte do seu eleitorado foi conquistado graças a mim, que patrocinei suas campanhas por esse Ceará todo.”.
Olegário: “Calma Márcio, não estou aqui lhe julgando ou fazendo afronta nenhuma, minha intenção não foi essa, me perdoe se me expressei mal. O que estava querendo dizer é que em fortaleza tem uma moça chamada Janice que está pronta para casar, e que seus pais estão procurando pretendente, não lhe estou impondo nada e nem poderia, mas é que essa moça é uma beldade.”
Olegário tirou uma foto do bolso que trazia já com a intenção de mostrar ao amigo latifundiário.
Olegário: “Está é Janice, julgue por si próprio se eu estou falando a verdade ou não.”
Márcio pegou a foto e a examinou demoradamente e pensou de si para si: “- Mas que menina linda, parece uma princesa, realmente Olegário tem razão, acho que preciso me casar o mais urgente possível, e essa beldade casada comigo me faria muito feliz, pelo menos eu acho que me faria bem.” Depois pensou consigo mesmo. “Sua casa deve estar cheia de pretendentes e todos muito jovens, filhos de autoridades locais, todos querendo desposá-la, ela não ia querer um velho interiorano como eu.”
Márcio: “Ela é muito bonita mesmo, você tinha razão.”
Márcio tomou mais uma dose de cachaça, mordeu um pedaço de caju do prato para tirar o gosto e ficou esperando o que Olegário ia falar.
Olegário: “Eu não disse que era uma beldade? Garanto-lhe que só não me ofereci como pretendente por que sou casado e muito bem casado, mas você Márcio ainda é solteiro e pode-se dizer que ainda é novo, um homem maduro. Tenho um segredo para lhe contar, Janice está sem dote, os negócios de sua família foram à bancarrota, estão duros e eles querem casá-la com um homem de posses, eu pensei logo em você. Mas não se engane, eles são gente honestíssima, todos em sua casa são de uma extrema nobreza de espírito, suas raízes familiares são todas européias, acredito que de Portugal e da Polônia. E ai? O que é que você acha de casar com uma polaca abrasileirada?”
Márcio começou a se animar com a idéia, e perguntou a Olegário como faria para entrar em contato com essa família e acertar as coisas. Olegário disse que não se preocupasse, pois ele tinha boas relações com essa família e providenciaria tudo. 



Cap. 2
 Janice se apaixonou com dezessete anos, no mesmo ano em que concluiu seus estudos no pensionato das irmãs carmelitas, não era mais uma criança, sabia que era bonita e que era muito cobiçada pelos homens, vez ou outra se sentiu cobiçada até por algumas mulheres, isso a deixava um pouco envaidecida, sabia que logo arrumariam um marido para ela. Havia muitos pretendentes, e tinha um em particular o qual ela se afeiçoara muito, era um jovem de vinte e cinco anos, o nome dele era Marcos e que também era muito bonito e se formara em engenharia na marinha do Brasil, era o pretendente preferido de Janice, ele sempre estava visitando a casa dos pais dela para conversar com eles sobre os mais variados assuntos, ele era muito bom de bico, tentava conquistar o pais da garota para se aproximar dela, parece que realmente gostava de Janice, pois sabia das condições financeiras da família de sua amada, sabia que não haveria dote, mas mesmo assim ele a queria como se sua vida dependesse disso, e os dois mesmo sem nunca terem se tocado ou conversado já se amavam ao ponto de sofrerem a falta um do outro.
Janice não agüentando mais de amor, disse á seu pai com quem ela queria se casar, e que estava muito apaixonada, ela disse que queria Marcos.
O pai de Janice disse: “Minha filha nós já arranjamos um marido para você, ele se chama Márcio e nós, eu e sua mãe decidimos que o melhor para você é se casar com ele.”
Janice: “Mas paizinho, eu não quero casar com esse homem, eu já sei a quem amo e com quem quero passar o resto de minha vida, Marcos foi o único que cativou meu coração e não pode ser ninguém além dele a se casar comigo.”
O Pai: “Não há o que se discutir, você sabe muito bem que não tem dote, e que não podemos casá-la com qualquer pessoa, estamos endividados e ameaçam tomar nossa casa, você quer ver sua mãe e suas irmãs sem ter onde morar, você não imagina que tipo de vida nos espera se você não se casar com esse homem.”
O pai de Janice pode até ter parecido um tanto quanto egoísta, mas ele estava falando da iminente realidade que lhes esperavam se Janice não casasse com o pretendente que eles haviam escolhido. Então o pai de Janice começou a chorar; mais foi um choro dorido de um homem que acaba de se ver impotente as circunstancias do destino, um choro de vergonha, de honra ferida, de ter que entregar sua filha a um homem que talvez nem a respeite como deve respeitar uma mulher, mas que entre ter que sacrificar uma de suas filhas queridas, a ver todas na miséria, ele prefere entregar essa que já está na idade de casar.
Janice vendo o pesar de seu pai sentiu-se responsável pelo destino de sua família, e que agora a questão de seu casamento não estaria mais atrelada a questões como amor, paixão ou afeição, mas sim estaria vinculada a questões financeiras e de necessidade, pois sua família dependia de seu casamento para não caírem todos na mais completa miséria.
Algumas semanas antes o Governador Olegário visitou a casa dos pais de Janice. Acho oportuno nesse momento dizer o nome dos pais de Janice para que a estória fique mais clara. O pai se chamava Henrique e a mãe se chamava Doralice, os dois se casaram há trinta anos. O Sr. Henrique era um jovem e promissor comerciante de tecidos, seu pai era dono de umas das maiores tecelagens de fortaleza, Henrique tinha vinte e dois anos quando seu pai disse que tinha arrumado uma esposa para ele, a família de Henrique tinha suas raízes em Portugal, e encontraram uma linda descendente de polacos com um bom dote e que estava pronta para desposar, e assim realizou-se o casamento, sem que as duas partes que iriam contrair matrimonio pudessem opinar se queriam ou não essa união. Casaram-se e foram para a lua de mel praticamente dois estranhos, foram para o Rio de Janeiro, e lá se conheceram melhor e acabaram gostando um do outro, assim quase que por acaso. E Hoje eles receberam a visita do governador em sua própria casa, ele chegou dizendo que arrumou o marido ideal para a filha deles.
Olegário: “Henrique estou aqui para intermediar o pedido de casamento do meu amigo Márcio, que é um homem de bem, e que posso dizer como governador do Ceará que ele tem muita influencia em toda essa região nordeste do Brasil, é um homem rico, proprietário de terras a se perder de vista, com empresas firmadas tanto em Fortaleza como em Recife, é um ótimo pretendente para sua filha, e para ser mais exato e sincero com vocês, é de meu conhecimento que vocês andam com dividas exorbitantes com o banco por causa de um negócio mal feito, e que ameaçam tomar tudo o que vocês têm se vocês não fizerem alguma coisa a respeito.”
Henrique: “O que é Olegário, queres que vendamos nossa filha para escapar da penúria? Pensas que estás falando com que tipo de gente? Ainda temos honra e vergonha em nossa cara. Acho que você não devia ter vindo aqui fazer tal proposta e nos ofender como se você não conhecesse a nossa família há tanto tempo.”
Olegário: “De forma alguma eu quis ofendê-los meus queridos amigos, tenho vocês como quase da minha família pelo tempo que nos conhecemos e fiz essa proposta porque não é vergonha nenhuma casar a filha com um homem rico, isso pelo menos vai garantir uma vida mais confortável para Janice e seus filhos, e vocês estarão sempre juntos, ela não vai se casar com nenhum estrangeiro, e ao mesmo tempo em que você casa Janice com um homem bom e de posses, vocês ainda garantem o pagamento da divida, dando possibilidade de você se reerguer e voltar aos negócios. E lembre-se, você ainda têm mais duas filhas para casar, e para arrumar bons casamentos você terá que ter um bom dote para cada uma delas, o meu amigo Sr. Márcio não exige dote, pois sabe que é uma moça de boa família e ele acha essas questões de dote irrelevantes, o que ele quer é uma boa mulher para dar inicio á uma família.”
Henrique: “Vou pensar no caso, preciso conhecer esse homem pessoalmente, só posso dar resposta depois de conversar com ele.”
Olegário: “Então vou providenciar o encontro, vai ser um prazer para o Sr. Marcio conhecer o senhor e a senhora sua esposa para tratar desse assunto do casamento.”
Três dias depois chega pelo trem que fazia a linha Fortaleza – Crato o Sr. Márcio em um vagão particular que ele tinha mandado construir só para ele. Na estação foi recebido Pelo governador Olegário e sua comitiva, entraram nos automóveis e foram para o Plaza Hotel aonde o Sr. Márcio ia se instalar naqueles dias. Estava marcado para o outro dia o encontro com e Sr. Henrique para tratar do assunto da sua filha. Depois de um belo banho Márcio colocou uma roupa de verão e foi para o saguão do hotel onde se encontrava Olegário. Os dois discutiam como deveriam abordar o assunto do casamento com o Sr. Henrique e a Sra. Doralice, Márcio queria que o casamento se realizasse logo de imediato, não queria esperar muito tempo, ele já tinha vindo preparado para pedir a mão da moça e no outro dia casar-se com ela na igreja local, uma cerimônia simples com poucos convidados, só a família da noiva os padrinhos e madrinhas de casamento, o governador e sua família.
Ás nove horas da manhã do dia seguinte Márcio chegou à casa de Janice, junto com um criado que ele havia contratado ali mesmo no hotel, esse criado trazia varias sacolas. Márcio chegou muito animado na casa do Sr. Henrique, bateu na porta e foi recebido por uma criada, uma velha senhora que estava com a família há muito tempo, a senhora pediu que esperassem na sala que ela ia anunciá-los aos donos da casa, depois de algum tempo surgiram na sala o Sr. Henrique e a Sra. Doralice, Janice estava em seu quarto esperando as ordens de seus país.
Márcio: “Bom dia Sr. Henrique, bom dia Dona Doralice, estou aqui como vocês já devem estar sabendo para pedir a mão de vossa filha em casamento, não sou um homem dado a romantismos, minha idade já não permite tais arroubos sentimentais, mas vos asseguro que gosto muito de sua filha mesmo sem tê-la conhecido pessoalmente, pois sei que é uma moça do mais fino trato, posto que é filha de vocês que são uma família de muito respeito e de alto nível. Não sei se vocês vão aceitar o meu pedido, mas acredito que juntando sua família a minha ficaríamos muito mais fortes, eu com uma esposa para gerar filhos e constituir família e vocês com um amigo para apoiá-los no que for preciso para o resto da vida. Ah, ia me esquecendo, trouxe esses pequenos regalos como símbolos de minha consideração para com vocês dois, o pais de Janice, para que fique claro minha boa vontade para com todos vocês e o amor que já sinto por sua filha.”
O nosso pretendente a marido chamou o criado que estava com ele e pediu a sacola dos presentes, de uma sacola tirou duas caixas, do tamanho de caixas de charuto embrulhados em um papel de presente muito discreto, o presente de Dona Doralice vinha embrulhado em um papel vermelho enquanto o presente de Seu Henrique vinha embrulhado em papel azul, os dois receberam os regalos com muito agrado achando aquilo muito simpático da parte de Seu Márcio, Dona Doralice foi a primeira a desembrulhar o presente descobrindo sob o papel um estojo todo coberto em veludo com a marca de uma rica joalheria, ela ficou pasma muito antes de abrir a caixa, quando de repente abriu viu dentro da caixa sobre um fundo preto de veludo um colar de brilhantes todo em ouro branco e com um designe muito bonito, trabalho de artista mesmo. Dona Doralice corou ante o presente e olhou para o marido para ver qual era sua reação, o Sr. Henrique tinha uma expressão de medo no rosto, nunca em sua vida tinha dado um presente tão valioso para sua mulher e achou aquilo a primeira vista uma indecência, no entanto se conteve e falou apenas:
Sr. Henrique: “Mas que lindo colar querida, pelo que vejo teremos que ser eternamente gratos ao Sr. Marcio, pois tal presente não é usualmente dado em reuniões de confraternização e de arranjo de casamento, fica-se um pouco intimidado pelo valor da peça que é notoriamente caríssima.”
Neste momento o Sr. Marcio ficou um pouco constrangido, não tinha se dado conta que estava presenteando os pais de sua pretendente com artigos muito caros e não deu-se conta que isso poderia causar algum mal estar nos presenteados devido ao seu orgulho, não pensou nisso, pensou apenas em agradar.
Sr. Henrique: “Vamos ver o que foi que ganhei, vamos abrir esta caixinha.”
Ao abrir a caixa o Sr. Henrique deu de cara com um relógio de bolso em ouro maciço importado diretamente da suíça, relógio esse que talvez tivesse mais valor do que a jóia que sua esposa ganhou, mas que ele não podia mensurar.
Sr. Henrique: “Não podemos aceitar os seus presentes, não estamos querendo ser desagradáveis, mas não podemos aceitar presentes tão valiosos de um pretendente a mão de nossa filha, isso não cairia bem com nossos valores, estamos aqui a tratar do destino de minha filha e esses presentes distorcem as relações usuais que se travam em um pedido de casamento, se aceitássemos esses presentes causaria a impressão de que estamos vendendo a nossa filha para o senhor, e isso é tudo o que não queremos fazer. Estamos aqui reunidos para melhor conhecer o senhor, sabemos que é muito rico, mas queremos saber a quem vamos entregar nossa filha e isso só é possível conversando e não com regalos faraônicos.”
O Sr. Henrique disse isso entregando os presentes de volta ao Sr. Marcio que ficou em uma aflição só, não sabia onde por a cara, não imaginava que os presentes poderiam causar uma impressão tão ruim, para ele era comum presentear as pessoas com coisas caras, mas ele só veio se dar conta da gafe quando o Sr. Henrique chamou-lhe a atenção.
Sr. Marcio: “Mil perdões Sr. Henrique, mil perdões Sra. Doralice, juro pela alma de minha falecida mãe que não tive a intenção de comprar a mão de sua filha, é que não sou muito conhecedor das normas de etiqueta da sociedade, sou um homem do interior e juro que quando comprei os regalos foi com a única intenção de demonstrar minha consideração a vocês, para mim qualquer outro presente não estaria à altura de vossas senhorias, mas desculpem-me novamente, vou ser mais prudente com os presentes que dou de hoje em diante.”
Depois da explicação de Marcio tudo se abrandou, os pais de Janice entenderam que ele não tinha dado aqueles presentes com segundas intenções, mas mesmo assim não ficaram com os presentes. A impressão que ficou era que Márcio era um homem muito rico, mas que não teve uma educação muito formal por isso não se deu conta do absurdo que eram aqueles presentes, era como se ele fosse pedir a mão da filha deles em casamento e desse para cada um dos pais uma casa de presente no dia do pedido. Ficou patente para o Sr. Henrique que o homem era um bruto e não sabia lidar muito bem com as pessoas, mas também estava claro que para sua família sair da ruína ele teria que sacrificar Janice. Então mandou chamá-la do quarto para ser apresentada a Marcio que esperava sentado na sala já com um pouco de ansiedade. Quando Janice apareceu Marcio gelou de nervosismo ante a beldade que se apresentava a sua frente com uma saia preta que ia até embaixo dos joelhos e uma camisa branca com colarinho de renda, seus cabelos estavam amarrados em um coque atrás da cabeça salientando o delineamento de seu fino rosto branco de olhos grandes e saudáveis, podia se ver naquele rosto a pureza da menina casta de dezessete anos, era um lindo rosto que só de olhá-lo já dava uma angustia como se ao mira-lo Marcio estivesse contemplando algo sagrado. Quando viu a menina ao vivo, não acreditou mais que seus pais pudessem lhe dar tal preciosidade, e da mesma forma que os pais de Janice se sentiram intimidados e até ofendidos pelo valor dos presentes oferecidos por Marcio, o nosso pretendente a noivo ficou intimidado e se sentindo indigno ante a preciosidade que estava a sua frente.
Janice: “Boa tarde Sr Marcio, soube que o senhor veio pedir minha mão em casamento, fiquei curiosa e vim lhe perguntar o que o senhor tem a me oferecer.” – Por um instante todos ficaram em silencio então Janice falou de novo: “Deixe-me explicar melhor, quero saber que motivos eu teria para casar com o senhor além da fortuna que o senhor tem?”
Janice mostrara-se naquele momento bastante independente e desenvolta, mas via-se em seus olhos um certo rancor de está sendo negociada como se fosse uma mercadoria pelo seu próprio pai. Não que seu pai fosse um desses brutos que saem vendendo a filha para qualquer um, mas é que a situação se configurava de tal forma que a única saída da família seria aquele casamento, seus credores já batiam em sua porta com notas promissórias e o banco certamente iria tomar-lhe a casa.
- Cale-se Janice. – Disse o Sr. Henrique ouvindo as palavras da filha. – Sente-se na cadeira e ouça com atenção o que o Sr. Marcio tem a dizer, ele é seu principal pretendente, os outros não pareceram interessantes ao ver de sua mãe e de mim, o Sr. Marcio é amigo intimo do governador Olegário, e por conseguinte muito amigo de nossa família, não queremos forçar-lhe a nada, mas eu e sua mãe estamos de acordo com esse casamento.

Continua...