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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O absurdo, O suicídio, O Mito de sissifo.


É inutil tentar analizar-me, mas como sou teimoso vou tentar, na verdade não sei muita coisa de analises psicológicas, mas vou tentar dizer quem sou. Vivo da renda dos meus pais, não tenho muita iniciativa propria, tenho trinta anos diga-se de passagem, gosto de ler, mas não sou muito inteligente, alguns livros que leio não entendo, ou entendo mas não consigo transmitir o que li, falo dos livros de filosofia, ultimamente li O Mito de Sisifo, vou tentar falar sobre ele.
O mito de sissifo é aquele que conta a história do homem que foi condenado pelos deuses a empurrar uma enorme pedra montanha acima para quando chegar no cume ela rolar montanha abaixo de novo, para que sisifo desça novamente a montanha e volte a empurrá-la motanha acima, isso num perpetuo movimento até o fim da vida, esse é o castigo de sisifo.
O nosso autor fala de absurdo, fala de suicídio, a constatação do absurdo da vida, do cotidiano, pode levar o homem a suícidar-se, na relaidade essa sensação de abusurdo é um mal do espirito como já diz Camus, é uma doença, é quando o espirito vislumbra uma certa inutilidade em estar vivo, ou estar vivo a priori não tem sentido nenhum, é quando ele se pergunta se a vida vale ou não vale a pena viver, o absurdo é quando o homem se divócia do mundo, ele passa a ser um estrageiro em sua terra, e por que não dizer uma alienigena em seu proprio mundo. Não consegue mais amar, ele se sente um ser desconectado com o que está a sua volta, nada para ele é mais familiar, ele em nada mais se envolve, não encontra alegria em nada, então a vida se torna absurda. Por que continuar vivendo se não há mais motivo para viver, não há esperança, pelo menos ele não consegue ver uma mudança possível, então ele deseja nunca ter nascido, é nesse momento que ele se arrepende de ter nascido, mas ele não tem culpa de ter nascido, ele nasceu pois assim determinou a natureza, não teve escolha, quem sabe até seus pais não tiveram escolha, então de quem é a culpa? De Deus? Ele culpa a Deus, ele blasfema, ele acusa à Deus por ter permitido que ele existisse, e começa a atacar a Deus dizendo que Ele não existe, quer dizer ele ataca algo que ele afirma não existir, é o desespero total, ele grita “Deus não existe e eu não quero existir”. Segundo o Starietz Zozzima, o mestre de Aliocha em os Irmãos Karamazov, o suicída passa a eternidade repetindo essas palavras enquanto Deus o chama para perto de si, temos ai uma revolta, o suicídio é uma revolta contra Deus. Pois muitos suicídas morrem acreditando em Deus, mas sua morte é de responsabilidade só do suicída.
Esses foram os pensamentos que pude ter a respeito do tema suicídio e absurdo, do que trata o livro, sei que é um tema muito mais vasto e que poderia explorar mais o livro que li, mas como disse é um livrinho meio complicado de se ler, mas eu li.

A SOLIDÃO É O FIM DO MUNDO

As horas passam a uma velocidade vertiginosa, não tenho muito tempo, passei a correr contra o tempo, tudo está resumido a acompanhar o mecanismo, todos os meus movimentos estão cronometrados, hora de sair, hora de chegar, hora de dormir, hora de almoçar, tudo em um ritmo alucinante.
Quero ver quando a onda vier! Quero ver quando o mundo explodir! teremos tempo para que? Para nos despedir? para chorar o tempo perdido? para nos desesperar ante a destruição iminente? Ficaremos paralisados vendo a força desproporcional que avança contra nós, seremos como formigas no ralo de uma pia e nossas vidas, nossas experiências se resumirão aqueles últimos segundos que passaremos tentando sobreviver. Talvez, ou para ser mais exato, com certeza não conseguiremos salvar nossos entes mais queridos, pois não conseguiremos salvar a nós próprios.
- O que? Agora estás a falar do fim do mundo? Do fim dos tempos? Tu só sabes falar dessas bobagens apocalipticas. Queria ver tu entoar uma canção, uma ode ao presente, aos momentos que vivenciamos no dia a dia, as coisas que fazemos para tentarmos ser felizes, porque o homem nasceu para querer ser feliz, até mesmo quando é infeliz, instintivamente ele vai atrás de sua felicidade nem que seja o suícidio, como já disse o filósofo, pois o homem que se suicida também quer ser feliz. 
- Paremos de falar em suícidio, falemos do amor, há carinho no mundo nos cantos mais improváveis, é certo que muitos de nós vivemos em uma eterna carência, muitas vezes não temos ninguém para amar, falando de mim, isso me deixa louco, não consigo viver só, tenho que ter um ser humano por perto para abraçar, mas na maioria das vezes não tenho e a vida perde o gosto.
- Por que falar de tuas mazelas agora, só para emporcalhar todo o texto, falemos da grande estrela cadente que vem para fulminar a todos nós em fogo escarlate, haverá chamas até no mar, a crosta terrestre será reduzida a uma fina camada de cinzas, montanhas derreterão, a atmosfera se dispersará pelo espaço e nem as baratas escaparão

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

TA oK.

- Ô café gostoso!
 - Que bom que você gostou do café, é só o que temos para beber.
 - Mas e o leite, não tinha uma caixa na geladeira?
- O leite você tomou todo ontem de madrugada, pra cortar o efeito das aranhas que você engoliu durante a festa.
- Ah, foi mesmo; mais eu queria tanto um pouco de leite pra tomar com esse café, fica tão saboroso com leite.
- Pois zé, não tem mais leite, mas tem ou pouco de conhaque ali na garrafa, quer?
- aaaaahhhrrrrr, Deus me livre e guarde, não aguento nem olhar para aquela garrafa. Mas afinal, como foi que chegamos em casa ontem?
- De carona, o Marcelo nos trouxe, você estava muito doido mesmo, você pegou as facas da cozinha e começou a jogar na porta, e fazia muito barulho quando a faca enfiava na porta, e cada vez que você jogava você gritava obscenidades ofendendo a mulher do vizinho, você só parou quando a viatura da policia estacionou em frente o prédio, de repente você ficou sóbrio, trancou a porta bebeu a caixa de leite, tomou banho e foi dormir, eu tive que dar as explicações aos policiais, pedindo mil desculpas pelo inconveniente, então eles foram embora.
- Meu Deus, eu fiz isso tudo? Que merda! como é que eu vou encarar os vizinhos?
- Não sei, a única coisa que sei é que tenho que ir trabalhar, já estou atrasada, e vê se limpa o vômito que você deixou lá na sala.
- ta oK.

Sou Fumante e daí?

As propagandas de cigarros acabaram faz um bom tempo e hoje pode se dizer que o numero de fumantes diminuiu, mas ainda há os remanescentes como eu que ainda não deixaram de fumar. Eu sei que o cigarro faz mal, mas no tempo das grandes capanhas publicitarias dos cigarros as pessoas também sabiam que o cigarro fazia mal, mas mesmo assim fumavam que nem uma caipora, só foi começar as propagandas negativas em relação ao cigarro que de repente as pessoas começaram a não fumar mais, não estou dizendo que fumar é bom para a saúde, e que as pessoas dessa nova geração devam começar a fumar, pois na realidade a industria do cigarro é uma industria de morte. 
Mas eu queria deixar claro que apesar de todas as restrições que estão impondo aos fumantes, eu vou defender o meu direito de fumar até o fim, pois tem uma lei que está querendo proíbir os fumantes de fumarem até na rua, pois se trataria de local publico, acho isso um absurdo, se tem toda essa discriminação para com os fumantes, porque também não fazer para os bebedores que causam muito mais prejuízo a sociedade do que um fumante, a maioria dos acidentes de transito é causado pelo abuso do alcool, e no entanto a propaganda das cervejas, da cachaça, do wisk estão ai todo vapor, com lindas mulheres, atores de televisão, propagandas cinematograficas como as do Jhonny Walker. 
Tudo o que vejo é que somos muito manipulados por nossa televisão, se de repente por algum motivo voltassem a veicular propagandas de cigarro, aposto que todo mundo mudaria de opnião ou pelo menos uma grande maioria voltaria a fumar de novo, tal é o poder da televisão.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

"A ambição é o último recurso do fracassado." Oscar Wilde



Não sei o que aconteceu comigo, passei uma fase da minha vida em que essa palavra fracasso não fazia sentido para mim, por mais que eu ficasse reprovado no colégio, por mais que eu estivesse enchendo a cara por ai e por mais que eu não conseguisse fazer sexo com ninguém, essa palavra fracassado nunca vinha a minha mente para me qualificar. A vida era tão dura quanto é hoje, ou talvez até mais dura, no entanto eu fazia de tudo para me divertir. 
Hoje tenho consciência do meu fracasso, pois só se é um fracassado quando você se torna um adulto que não sabe fazer nada, que não se graduou, que é uma despesa dentro de casa como quando se tinha treze anos, essa é uma das imagens do fracassado, mas ouvi dizer que se sentir fracassado tem mais a ver com sua auto-estima do que com suas conquistas durante a vida, pois muitas vezes você pode morar no seio da miséria e não ter conseguido fazer nada para melhorar sua situação financeira ou mesmo não fazer muito sucesso com as mulheres ou com os homens, seja lá como for, se você se amar, cuidar de si, se tiver uma auto-estima boa você passa por tudo isso sem sentir-se um fracassado.
Coloquei a foto do Nicolas Cage no filme Adaptação, porque a imagem dele traduz a minha situação, no que tange a auto-estima, mas no filme ele é um grande roteirista de Hollywood que está em uma crise de criatividade, e o filme consiste na criação desse roteiro que ele não consegue por no papel, mas que no desenrolar da estória vamos vendo que o roteiro é a própria vida do roteirista, é um negocio complicado de se explicar aqui. Eu estou sempre nessa crise de criatividade, na realidade não tenho talento nenhum, não há algo que eu faça bem.
Eu ás vezes tento escrever contos, não sei escrever poemas, mas tudo que escrevo é feio, é mal feito, coisa de principiante, eh! principiante!, se eu me encarar como um principiante não posso me achar um derrotado nas letras, pois um principiante não tem obrigação de escrever bem, ele escreve do jeito que dá, então quando olharem para os meus textos saibam que é um principiante que está escrevendo e que ele não faz a menor idéia das regras da gramática, nem da estrutura do texto em si, ele apenas escreve instintivamente como forma de colocar para fora seus fantasmas, como forma de se expressar e se fazer no mundo, nem que seja como um péssimo escritor, mas prefiro me encarar como um principiante.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

OLHOS DE SERPENTE (Dangerous Game)

Ontem assisti o filme Olhos de Serpente com o título original (Dangerous Game), onde contracenam os atores Harvey Keitel, Madona e James Russo. É um filme metalinguistico que mostra os bastidores de Hollywood, como funciona a mecânica da industria cinematógrafica americana por dentro e por  fora, a relação dos atores com seus personagens, a relação dos atores com seu diretor, e a relação dos atores no meio social em que vivem. O filme nos mostra o mundo das estrelas de cinema, não com todo o glamour que vemos quando se dá a festa do Oscar, mas em sua intimidade. 
As drogas, o sexo fácil, todo um mundo de prazeres que no filme Olhos de Serpente vai alimentar todo o enredo do filme que está sendo filmado dentro do filme, se é que vocês me compreendem. Em Olhos de Serpente temos o drama do diretor de cinema interpretado por Harvey Keitel que leva praticamente duas vidas paralelas, a vida do homem do mundo Hollywoodiano com todas as suas facetas e a vida do homem de família que tem que dar atenção a mulher e ao filho. 
O que acontece é que muitas vezes esses dois mundos são conflitantes por terem duas morais distintas, a moral de mentiras e subterfúgios de Hollywood e a moral da família onde o personagem de Harvey Keitel vai encontrar no seu lar sua redenção, seu sentido de vida ao lado da mulher que escolheu para amar. O drama do diretor é praticamente transposto para os personagens de seu filme, seus monstros são encarnados pelos personagens de James Russo e de Madona, que vivem um casal desiludido pelas depravações que praticavam no passado com drogas e sexo, sendo que o personagem de James Russo ainda acredita que pode ser feliz e realizar-se no caminho das depravações e o personagem de Madona começa a ver que aquela vida pregressa não conseguia satisfazê-la mais, e procura voltar-se para a religião. O conflito gira em torno do desacordo entre marido e mulher em relação a vida que devem levar, e nesse ínterim o personagem de James Russo começa a se desesperar ao notar que a mulher está deixando de gostar dele por ele não conseguir largar os vícios. Há momentos em que os atores encarnam tanto os personagens que agem como se estivessem na vida real, toda a tenção é vivida a cada momento pelos atores e esse é o principal objetivo do diretor, ele quer o máximo de realidade possível, enquanto em sua vida particular ele vive um personagem de marido exemplar para sua mulher e seu filho.
Eu disse que os persongens de Madona e de James russo encarnavam os monstros do diretor, por supor que quando o personagem de Keitel escreve o roteiro de seu filme, ele coloca no papel toda a sua vida como diretor de cinema no meio Hollywoodiano de depravações que ele não compartilha com sua esposa que seria seus ponto de equilibrio, e o que vemos no roteiro dele é exatamente um casal onde o homem procura uma vida mundana enquanto sua mulher se volta para a vida religiosa, que no caso da esposa de Keitel seriam os valores morais que ela conserva como principios fundamentais para o desenvolvimento de seu filho.


ENTRE LENÇOIS

O filme Entre Lençóis de Gustavo Nieto Roa é um filme de baixa qualidade, tirando os atores globais que certamente foram escolhidos por sua beleza física e que são a grande atração do filme não resta praticamente nada para se assistir. O Roteiro é construído de forma em que entre uma fala e outra tenha uma cena ou um comentário relacionado a sexo, só que tudo feito de maneira tão coloquial e superficial que nem as falas conseguem prender nossa atenção, nem a semi-nudez das personagens se mostra erótica o suficiente para que possamos viajar na relação dos envolvidos, as cenas de sexo são sem ousadia, sem criatividade. Certo que o cineasta queria fazer uma filme em que a principal atração fosse o seu roteiro, ele queria que ficássemos pressos pelos diálogos dos personagens, mas escolheu dois atores de muita beleza, com corpos perfeitos e com pouco talento interpretativo para mater os diálogos mais dramáticos.
O Enredo do filme não é ruim, um homem e uma mulher, ambos jovens, que se encontram numa balada e nesse ínterim acabam indo para um motel, e lá começam a se conhecer depois da primeira transa, que se passa sem que os dois ainda não saibam o nome um do outro, até ai tudo bem, tinha tudo para ser um ótimo filme, mas os diálogos pareciam que tinham sido inspirados nessas revistas femininas como a NOVA que tratam desses assuntos relacionados a sexo, tudo o que é dito no filme pode-se encontrar em uma revista dessas.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Professores Vilipendiados




Hoje eu gostaria de falar sobre a questão dos professores estaduais aqui do Ceará. O estado vive uma crise educacional desde quando eu me entendo por gente, há muito tempo o nosso índice de analfabetismo é elevadíssimo, vivemos em um sistema em que nossos dirigentes obrigam os professores a passarem os alunos só para terem bons índices de aprovação, e enquanto isso as crianças, os jovens vão passando de série em série sem aprender o básico de cada uma, há casos de alunos no nono ano sem saber ler, o que é um absurdo.
Os nossos professores estaduais se vêem muitas vezes em uma situação difícil, pois como ensinar o conteúdo do segundo ano sem que o aluno tenha aprendido o do primeiro? Esse é só um dos problemas enfrentados pelos professores, podemos colocar em evidencia seus salários que estão entre os piores do funcionalismo publico. Agora pouco, não faz muito tempo os professores fizeram uma greve reivindicando o piso salarial, que é o mínimo que um professor deve receber por 40h aula, esse piso está em torno de R$1450,86 e o governo do estado não paga alegando que não tem recursos para isso. Vemos o próprio governo infringindo a lei, pois o piso salarial é determinado por lei.
Em suas reivindicações e protestos houve momentos em que os professores, os homens e mulheres responsáveis pelo desenvolvimento humano de nosso país, foram agredidos com cassetetes por policiais que certamente não foram bons alunos, pois se tivessem sido bons alunos não seriam policiais, e o governo usa desses ignorantes que se vendem por um salário que talvez seja pior do que o dos professores,  os policiais também ganham mal, e por isso mesmo eles deviam ter compreendido os protestos dos professores, mas assim é a vida, manda quem pode, obedece quem tem juízo.

domingo, 20 de novembro de 2011

FOME


Estou faminto, há três dias que não como nada, hoje em dia fica cada vez mais difícil conseguir comida, as crianças choram, sentem a barriga roncar, sentem a barriga doer, estamos todos fracos, não saímos de nossas redes, a mulher prepara num fogareiro uma panela de chá de capim santo, é tudo o que nosso quintal produz. Os mercantis estão em quarentena cercados de soldados para evitar o saques, já faz tempo que não chega uma remessa de alimento de parte alguma, e nessa cidade de terra calcificada, não há como se plantar. 
As crianças continuam a chorar, acho que uma está perto de morrer pois parou os gritos de fome e se recolhe resignada em sua rede com o buxo estufado de agua, não há o que fazer. Levanto-me já com certo desespero, mentalmente peço a Deus que nos arranje um pouco de comida, não aguentamos mais, falo em minha oração silenciosa.
De súbito vejo um anjo de luz descer em meio a nossa sala, e ele diz: Suas suplicas foram atendidas, aqui está uma cesta mandada diretamente de Deus para você e sua família. 
Não consigo me conter de alegria e desejo por aquela cesta, era uma cesta grande cheia de comida, arroz cozido, peixe frito, feijão também cozido, carne assada, e grito levanta pessoal que hoje agente come que nem gente. O anjo de luz deixou a cesta e saiu voando para o céu, fui levantar os meninos, mas estavam todos calados e dormindo, olho para a mulher e digo: 
- Acorda os menino pra comer, o anjo deixou comida aqui pra todo mundo.
Mas a mulher não me dá atenção, eu já com raiva vou até ela e quando a puxo pelos ombros ela começa a se despedaçar como se fosse feita de cera, tomo um susto e me vem uma vontade de gritar, mas me seguro, quando me volto para a cesta eu via só um bocado de porcaria cheia de barata em cima, toda aquela comida estava podre.
Desperto do pesadelo suado e chorando com os gritos da mulher dizendo que o menino tinha morrido de fome, de fome ela dizia: de fome o menino morreu de fome...de fome o menino morreu de fome...

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Trafegando pelas ruas


As ruas estão cheias de barreiras, vejo carros que passam em alta velocidade com seus faróis acesos e arrogantes, vejo de onde me encontro, no meu cadenciado andar, as coisas ao meu redor pelas lentes de meus óculos de grau, às vezes fica difícil ver tudo o que passa na minha frente, as pessoas andam sozinhas, as pessoas andam em pares, as pessoas andam em trios e às vezes tomam toda a calçada. Gostaria de conhecer todas elas e ao passar cumprimentá-las como se fossemos velhos amigos, gostaria de em uma dessas caminhadas, encontrar uma bela mulher em seu traje de academia e sorrir para ela, gostaria que ela sorrisse para mim e que nesse inédito encontro olhássemos um para outro e sentíssemos confiança o suficiente para demonstrar como estávamos atraídos sem mesmo nos conhecermos. Ela me diz que sempre me vê passar por ali e que sempre teve vontade de saber o meu nome e de me conhecer, digo a mesma coisa, que sempre a vejo e que me encanta a sua beleza, ela ri... Trocamos telefones e prometemos telefonar um para o outro e marcar alguma coisa.
Continuo a andar nesse mundo maravilhoso, como é bom andar pelas ruas, principalmente por essa avenida, há tantas coisas para se ver, pessoas comemorando em diversos restaurantes, estacionando seus carros nas calçadas e impedindo aos pedestres de andar por elas, forçando-os a arriscar a vida trafegando pela pista onde os carros parecem não ter freio e não notar que nós pedestres somos mais frágeis do que suas possantes maquinas, e que se por acaso eles colidirem conosco vão transformar um ser vivo da sua mesma natureza em algo disforme estirado no asfalto.
Acendo um cigarro, o percurso é de três quilômetros, às vezes penso na possibilidade de no meio do trajeto, bandidos me assaltarem, mas isso nunca aconteceu, por isso continuo fazendo esse passeio pelo mundo.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

IDENTIFICAÇÃO...


Hoje pela manhã tive a impressão que tinha descoberto alguma coisa sobre mim, mas agora no momento não me lembro ao certo o que era. Também pode ter sido ontem à noite, antes de dormir, tive essa impressão de me reconhecer em alguma coisa, é como se eu olhasse para mim mesmo e dissesse: “Eu sou assim.” Não sei se foi na hora da oração ou se foi quando estava lendo um livro novo que comprei. Ah, me lembrei, foi hoje pela manhã quando estava lendo os Irmãos Karamazov, identifiquei-me com um homem atormentado por uma culpa que ele carregava na consciência durante catorze anos, por causa dessa culpa ele se tornara um homem extremamente isolado e para compensar o que tinha feito tornara-se uma grande filantropo em sua cidade, sendo considerado pela sociedade como um homem virtuosíssimo, mas em sua consciência queimava as brasas do crime que ele tinha cometido alguns anos atrás.
No decorrer desses anos ele casou com uma jovem mulher e teve filhos com ela, mas sua consciência não o deixava em paz e ele não se sentia digno de sua família, e já não se sentia digno de ninguém, até que ele encontrou um jovem pretendente a monge que tinha feito um ato inusitado em um duelo quando ainda era oficial do exercito, esse jovem se apresentou ao duelo com uma idéia totalmente diversa que tinha no dia anterior quando pretendia matar seu oponente, lembrou-se depois de espancar seu criado das palavras de seu irmão mais velho que morrera quando ainda era adolescente, dizia ele: “Eu quero servir a todos, não quero mais que os criados me sirvam, mas sim que eu sirva a eles, pois todo homem deve ser servidor uns dos outros, deixe-me que eu sirva a vocês.” Ele falava isso já em seu leito de morte, e lembrando-se dessas palavras o jovem oficial ao acordar e ver ao abrir a janela que toda a natureza resplandecia de vida, foi ao seu criado, se prostrou diante dele e pediu perdão, depois saiu para o duelo como outro estado de espírito. Chegando lá ficou a distancia de doze metros de seu oponente esperando que ele atirasse, seu oponente atirou e errou, o nosso oficial então botou em pratica o seu intento e diante de todos pediu perdão por ter ofendido tão nobre cidadão. A noticia se espalhou por toda a cidade, e o oficial do exército pediu baixa e passou a viver do amor de Deus.
O Fato é que o filantropo revelou ao jovem pretendente a monge seu crime e pediu um conselho, querendo imitá-lo da mesma forma como ele fez no duelo, o filantropo queria denunciar-se para ver se encontrava paz, mas tinha medo pela mulher e os filhos, o monge aconselhou-o a denunciar-se, e sem pouca aflição o homem denunciou-se, mas o homem era tão justo que todos pensaram que ele estava louco e assim tomaram suas palavras, como as de um louco, logo depois o homem ficou doente e morreu.
Tentei resumir mais ou menos a estória que li hoje de manhã, e me identifiquei com o filantropo, apesar de nunca ter matado ninguém, eu vivo em certo isolamento e tenho uma aura de pessoa justa, não uma pessoa filantrópica, mais uma pessoa boa, quando na realidade em minha consciência carrego muitos tormentos por culpas das mais diversas que eu nem sei se são verdadeiras, não consigo apontar uma, quando a aponto logo se esvai, mas a indignidade que sinto, ou seja, sinto-me uma pessoa indigna da companhia das outras pessoas e acho que isso se deve não a uma culpa, mas a um desgosto que tenho de mim mesmo, é como se eu tivesse nojo de mim mesmo, e quisesse poupar as pessoas da minha companhia.
Foi nesse filantropo que eu me vi hoje, no seu isolamento que tanto criticava e dizia que era um dos males da sociedade, no entanto vivia no seu isolamento, pois se sentia culpado perante todos, assim como Jesus Cristo assumiu a culpa de todos nós sem ter culpa de nada, esse homem que na realidade era culpado não julgava ninguém mais culpado do que ele, por isso todos passavam por boas pessoas para ele, ele não era digno de julgar.
No meu caso, eu não considero ninguém pior do que eu, por isso não posso julgar, posso até ter medo e me afastar, mas não porque me ache melhor, mas por auto conservação, mas não me julgo melhor que ninguém, na maioria das vezes me julgo pior do que todos e tenho a impressão que tenho uma natureza má e que não é licito eu estar em meio às outras pessoas, não que eu faça mal a ninguém, acho que não faço, ou faço mal só a mim mesmo, mas sinto essa índole no meu ser que não pode ser feliz, pois sempre tende ao mal e na maioria das vezes me julgo um nada.