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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

IDENTIFICAÇÃO...


Hoje pela manhã tive a impressão que tinha descoberto alguma coisa sobre mim, mas agora no momento não me lembro ao certo o que era. Também pode ter sido ontem à noite, antes de dormir, tive essa impressão de me reconhecer em alguma coisa, é como se eu olhasse para mim mesmo e dissesse: “Eu sou assim.” Não sei se foi na hora da oração ou se foi quando estava lendo um livro novo que comprei. Ah, me lembrei, foi hoje pela manhã quando estava lendo os Irmãos Karamazov, identifiquei-me com um homem atormentado por uma culpa que ele carregava na consciência durante catorze anos, por causa dessa culpa ele se tornara um homem extremamente isolado e para compensar o que tinha feito tornara-se uma grande filantropo em sua cidade, sendo considerado pela sociedade como um homem virtuosíssimo, mas em sua consciência queimava as brasas do crime que ele tinha cometido alguns anos atrás.
No decorrer desses anos ele casou com uma jovem mulher e teve filhos com ela, mas sua consciência não o deixava em paz e ele não se sentia digno de sua família, e já não se sentia digno de ninguém, até que ele encontrou um jovem pretendente a monge que tinha feito um ato inusitado em um duelo quando ainda era oficial do exercito, esse jovem se apresentou ao duelo com uma idéia totalmente diversa que tinha no dia anterior quando pretendia matar seu oponente, lembrou-se depois de espancar seu criado das palavras de seu irmão mais velho que morrera quando ainda era adolescente, dizia ele: “Eu quero servir a todos, não quero mais que os criados me sirvam, mas sim que eu sirva a eles, pois todo homem deve ser servidor uns dos outros, deixe-me que eu sirva a vocês.” Ele falava isso já em seu leito de morte, e lembrando-se dessas palavras o jovem oficial ao acordar e ver ao abrir a janela que toda a natureza resplandecia de vida, foi ao seu criado, se prostrou diante dele e pediu perdão, depois saiu para o duelo como outro estado de espírito. Chegando lá ficou a distancia de doze metros de seu oponente esperando que ele atirasse, seu oponente atirou e errou, o nosso oficial então botou em pratica o seu intento e diante de todos pediu perdão por ter ofendido tão nobre cidadão. A noticia se espalhou por toda a cidade, e o oficial do exército pediu baixa e passou a viver do amor de Deus.
O Fato é que o filantropo revelou ao jovem pretendente a monge seu crime e pediu um conselho, querendo imitá-lo da mesma forma como ele fez no duelo, o filantropo queria denunciar-se para ver se encontrava paz, mas tinha medo pela mulher e os filhos, o monge aconselhou-o a denunciar-se, e sem pouca aflição o homem denunciou-se, mas o homem era tão justo que todos pensaram que ele estava louco e assim tomaram suas palavras, como as de um louco, logo depois o homem ficou doente e morreu.
Tentei resumir mais ou menos a estória que li hoje de manhã, e me identifiquei com o filantropo, apesar de nunca ter matado ninguém, eu vivo em certo isolamento e tenho uma aura de pessoa justa, não uma pessoa filantrópica, mais uma pessoa boa, quando na realidade em minha consciência carrego muitos tormentos por culpas das mais diversas que eu nem sei se são verdadeiras, não consigo apontar uma, quando a aponto logo se esvai, mas a indignidade que sinto, ou seja, sinto-me uma pessoa indigna da companhia das outras pessoas e acho que isso se deve não a uma culpa, mas a um desgosto que tenho de mim mesmo, é como se eu tivesse nojo de mim mesmo, e quisesse poupar as pessoas da minha companhia.
Foi nesse filantropo que eu me vi hoje, no seu isolamento que tanto criticava e dizia que era um dos males da sociedade, no entanto vivia no seu isolamento, pois se sentia culpado perante todos, assim como Jesus Cristo assumiu a culpa de todos nós sem ter culpa de nada, esse homem que na realidade era culpado não julgava ninguém mais culpado do que ele, por isso todos passavam por boas pessoas para ele, ele não era digno de julgar.
No meu caso, eu não considero ninguém pior do que eu, por isso não posso julgar, posso até ter medo e me afastar, mas não porque me ache melhor, mas por auto conservação, mas não me julgo melhor que ninguém, na maioria das vezes me julgo pior do que todos e tenho a impressão que tenho uma natureza má e que não é licito eu estar em meio às outras pessoas, não que eu faça mal a ninguém, acho que não faço, ou faço mal só a mim mesmo, mas sinto essa índole no meu ser que não pode ser feliz, pois sempre tende ao mal e na maioria das vezes me julgo um nada.   

Meio cansado de ler Dostoieviski


Estou lendo um livro do Dostoievski que está sendo meio difícil, não que seja a dificuldade de natureza interpretativa, não. O fato é que eu estou ficando cansado de ler, já li várias obras dele, Crime e Castigo duas vezes, O Idiota duas vezes, Memórias do Subsolo umas quatro vezes; e os Irmãos Karamazov eu li há muito tempo atrás e agora estou relendo e está se tornando cansativo.
Por não me lembrar de quase nada do que li na primeira vez, é como se eu estivesse lendo pela primeira vez, mas eu acho que o que está me cansando é o estilo do Dostoievski, não, minto, o estilo é sublime, mas a estória é que me deixa um pouco tenso, não é uma estória leve, é permeada por situações extremas, crises histéricas, crises existenciais, questões de cunho moral, questões de honra e desonra, assassinatos inusitados, humilhações, e tudo escrito com extrema maestria que às vezes pensamos não se tratar de uma ficção, não que acredite que os Irmãos Karamazov tenham existido de fato, mas que é possível que grande parte daqueles personagens existam no mundo real.
Tudo isso torna o texto uma pouco pesado, no sentido de não ser uma leitura leve como se eu estivesse lendo uma revista, pois ler Dostoievski exige que nos transportemos para dentro do livro, e muitas vezes prevemos o que pode acontecer e já ficamos tensos só com a possibilidade do fato acontecer de verdade, e prevemos não por que a estória seja previsível, mas é que o autor nos dá a pista, prepara nossa inteligência para o que ele vai pintar depois.
Muitas vezes fico me perguntando qual é a essência das obras do Dostoievski, o que é que ele quer nos dizer com a soma de todas as suas obras, o que há de essencial nelas. Já li uma vez que há muito do existencialismo em Dostoievski, no fim das contas acho que tudo tem a ver com a consciência e sua relação como o mundo e com Deus, esses três elementos, consciência, mundo e Deus, estão sempre em pauta em suas obras.
A consciência hipertrofiada do homem do subsolo que não deixa que ele viva em paz com o mundo e com ele mesmo. A consciência de Raskolnikov que não o deixou em paz depois do crime que cometeu, apesar de sua teoria afirmar que os grandes homens não sofrem por causa dos crimes que cometem, quando na realidade só os psicopatas são assim, e Deus que justifica essa consciência através de sua Verdade, Deus que redime essa consciência para que ela se cure das culpas que tem em relação ao mundo e a si mesmo, Deus que justifica a existência do homem no mundo, pois como diz o autor em um de seus livros “se Deus não existisse tudo era permitido” o assassinato, o suicídio, como vemos em os Demônios aquele grupo niilista, todos com pretensões homicidas e suicidas com o intuito de criar o caos em meio à sociedade, nesse livro especificamente fala-se muito de suicídio, mas também se fala em culpa e no papel de Deus no mundo.   

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Os solitários

O amor que me parece tão distante, tão impossível, muitas vezes o é na realidade.
O que me custa ir em busca desse amor, dessa bela forma de viver
Desse sonhar acordado, vivendo o inimaginável
Como se de um minuto para o outro
Você se transforma-se em outra pessoa.
Almas solitárias como a minha
As vezes não conseguem nem sonhar com isso
É como se não fossemos feitos para desfrutar dessa alegria
Somos almas sérias, tudo é muito sério, tudo remete a morte
Não há leveza o suficiente para brincar de ser feliz
O ar que respiramos é denso e escuro
Começaríamos a nos achar ridículos por estar amando
Quando na realidade, não existe coisa mais ridícula do que a nossa solidão

domingo, 2 de outubro de 2011

POBRE DIABO

Sinto, apesar de convencionalmente o relacionamento ter acabado, sinto e continuo a sentir. 
Quando a vejo, fico mudo, fico estático, e como se já não bastasse minha falta de assunto, tu ainda és um poço de palavras, de discursos que só a tua alegria espiritual é capaz de tecer, e encanta todos ao teu redor deixando para mim a estupidez de meu silencio, e o ciúme que brota de dentro de mim e quer sair pelos meus olhos, que quer me deixar louco, mesmo sabendo que não és mais minha e talvez nunca fora antes, e essa tua liberdade era uma afronta a ditadura de meu pensamento, e como te invejei na minha infeliz limitação de não poder amar, de não saber amar e o que era mais criminoso, sufocar o amor que sempre teve em ti.
Sou um pobre diabo que se apaixonou por um anjo, e que agora voltou para o inferno e vive a chorar em meio as chamas e a almas sofredoras, penso comigo mesmo que talvez se não a tivesse conhecido não estaria passando por isso hoje, não saberia o que era o céu e não reclamaria mais do inferno.





sábado, 1 de outubro de 2011

JESUS

Quando começo a escrever aqui nunca sei o que vai sair realmente, vou dando vazão há uma porção de pensamentos e esses pensamentos saem de acordo com o meu estado de espírito. No momento venho pensando constantemente que preciso de Deus para viver e que tenho que buscá-lo custe o que custar, começo a entender quando Jesus falava que o salário do pecado é a morte, muitas vezes quando estou a pecar vou tirando uma enorme fatia de vida do meu ser, vou me degenerando através do pecado e me aprisionado cada vez mais, viro um escravo do pecado. Jesus propõe que o homem seja livre, pois quanto mais livre o homem, mais próximo de Deus ele está. 
Ser livre não é fácil, mas ser escravo também não é fácil e é muito mais desgastante do que ser livre, a verdade vos libertará e Jesus disse: eu sou o caminho, a verdade e a vida.
Acho que temos que procurar seguir o exemplo de Jesus o que as vezes não é fácil pois temos medo de abandonar tudo o que nos aprisiona pois já estamos acostumados. Eu vou procurar esse caminho, não sei se vou conseguir, mas para mim é a única alternativa de vida que tenho é a vida que Jesus prometeu. Sou um pecador e não sou digno de amarrar a suas sandálias mas dizei uma palavra e serei salvo da minha própria iniquidade.