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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

CORPO PLASMÁTICO

Um corpo plasmático, como se fosse uma água viva de algum esgoto aqui por perto, deixa a vista de todos uns ossos que boiam dentro da bolha transparente, eles chocam-se com a fina pele quase liquefeita. Sem muita coerência, uma enorme gama de conceitos imperfeitos, regras falsas e pensamentos destrutivos escapam por um orifício mais parecido com um cú e mancham de verde úmido o chão da sala, todos essas emanações pegajosas de uma consciência putrefata enlodam o espaço ao redor do buraco enlarguecido do sistema escretor da criatura. Vejo ela mirando com seu único olho as vidraças da janela de onde entra uma luz amarela dos postes da rua, pesa em cima dela uma enorme confusão de sensações do meio externo, o veludo do pano de dormir, o som que brota de pequenas caixas de som, na realidade uma música triste que povoa cada cômodo da casa, e faz o cérebro flutuante emitir mais de seu suco envenenado. É madrugada, só as criaturas da escuridão perambulam nos corredores do ambiente, baratas sem nem porque batem suas asas em voos rasantes, o olho mexe-se temeroso, baratas são horríveis, ainda mais quando são voadoras, um cheiro de azedo de tres-antonte invade o cú que também tem propriedades olfativas, tudo isso ocorrendo dentro de um quarto caiado de branco gelo, onde cinzas de cigarro formam uma fina camada entre o chão e os pés pretos de sujo do cidadão, que não tem pálpebras para dormir. Cento e cinquenta reais é o preço de sua eletricidade, para um celenterado como esse, pode-se dizer que gasta muita energia. De súbito a bolha adquire forma humanoide, talvez porque esteja com fome, levanta-se sobre duas pernas e caminha na escuridão até a cozinha, abre a geladeira e pega mais uma lata de cerveja, seu cérebro vibra de satisfação, como se fosse envolvido por uma densa pasta branca, parecido com leite condensado. O sol está nascendo, vem ai um novo dia repleto de realidade, da mais escrota que você pode imaginar, de um segundo para o outro ele toma uma forma de homem, desses que andam por ai, risonhos e satisfeitos com a vida, entra no chuveiro e lava as cinzas de seu corpo, afinal de contas tem que ir trabalhar, aproveita para tirar o os restos de comida dos dentes cariados, tudo tem que estar perfeito, vem ai o inferno, constituído muitas vezes por seres desesperados em busca de alívio. Veste-se como sabe se vestir, e sai na rua andando com seus fones de ouvido ignorando o sol que teima em queimar-lhe a cutes.
 O dia é o mesmo de algum tempo atrás, pessoas com as quais tem que se relacionar, pois a solidão afeta seu modo de pensar, passa por conflitos extremos, precisa das pessoas, mas sente que não faz parte de grupo algum, ele é o que é, estranho em seu mundo particular, desprovido de tranquilidade para interagir com o meio social, pensamentos alegres povoam sua cabeça em direção a sua rotina de trabalho, como se esperasse mais do que o dia possa lhe proporcionar, sempre qualquer evento corriqueiro, como um olhar discreto de uma garota, ou um papo amigável é o suficiente para fazê-lo feliz em qualquer momento, mas nunca esquece-se de que há em seu ser uma bílis negra que o faz sofrer de angústias insuperáveis.

No seu trabalho concerta videogames, é mestre nisso, tem a técnica de consertar de Ataris até os PS3’s da vida, diverte-se muito com jogos de guerra, jogos bem feitos, é claro, gosta do enredo, do argumento, da cenografia e claro da interatividade, tem para si que os games são a 8ª arte. Perde-se muitas vezes em leituras difíceis e as vezes pensa que os livros que lê não foram feitos para ele, as vezes acredita em Deus outras não, detesta os moralistas, mas, no entanto, os trata muito bem. Tem projetos, pode parecer incrível, mas os têm, quer se formar em astrologia, estuda para isso, faz as provas, frequenta as aulas, com dificuldade, mas com boa vontade aproxima-se das pessoas, tem conseguido se ajudar um pouco  e quer que as coisas continuem assim, antes que chegue a noite novamente, antes que se transforme em uma bolha sem forma novamente, percorre caminhos que tem que percorrer, anda com as pessoas e as vezes até arrisca beijá-las, mesmo sabendo que de algum modo isso não é muito conveniente, pelo menos ainda não, é brasileiro e não costuma desistir, tem que pegar o ônibus daqui a pouco, para chegar em casa, jantar um cará com arroz e verduras.

sábado, 15 de junho de 2013

Homossexualidade, ou melhor homoerotismo, tudo é uma questão de linguagem.


Quem sou eu? Não posso lhe afirmar com certeza, tenho muitas coisas para contar, pelo menos eu acho, sou um cara que não tem certeza de nada, mas mesmo assim ainda me atrevo a falar. “Corro”, gosto dessa palavra, transmite movimento, por isso falo “corro”, mas na verdade no máximo caminho um pouco. Quando digo que não tenho certeza de nada, talvez esteja fugindo, fuga da responsabilidade de saber, de afirmar, de se posicionar contra ou a favor a algo, é como se fosse uma maneira de ficar em cima do muro, não comer nenhum partido.
Ando meio sem ideias, mas é assim mesmo, não sei o que escrever ao certo, mas continuo escrevendo, sempre me desculpo, não consigo viver com a culpa, apesar de tê-la em demasia.

Hoje tento desenvolver uma visão menos preconceituosa sobre a homossexualidade, se é que podemos chamar esse fenômeno assim, estou lendo esse livro que postei a foto, e ele tem uma visão um tanto quanto original sobre o tema. Não sou a favor da discriminação de pessoas por causa de suas tendências no que diz respeito à forma de amar, como o autor diz, também não sou a favor da total falta de regras, mas há coisas que se formos analisar com um olhar menos temeroso, não fazem mal algum a ninguém, sou a favor do sexo entre pessoas do mesmo sexo biológico, mas não acredito em uma sociedade desregrada, acho que tudo tem que ter um meio termo, para vocês que tem suas dúvidas em relação a essa forma de amar, leiam Jurandir Costa Freire, muito bom o seu livro, o titulo é esse ai da fotografia.

sábado, 1 de junho de 2013

Minha Indeterminação.








Como é difícil se definir, acredito que nós seres humanos somos a indeterminação pura, não consigo dizer positivamente quem sou, a única coisa que posso fazer na realidade é aceitar o que aparece de mim, não posso mais viver em conflito comigo mesmo. 

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Casal Liberal


Acordo pela manhã e na cama ao meu lado, vejo uma bela mulher, que não é a minha, deitada de costas para mim, sinto-me feliz por isso, levanto antes de todos vendo o sol entrar pelas janelas de vidro da nossa casa de praia que nos proporciona uma linda visão do mar, nossa casa é grande e tem vários quartos, gosto da nossa casa de praia, as crianças ficaram na casa dos avós, sou casado com uma mulher de fazer inveja a muita gente, eu gosto de usá-la nos bacanais, sinto enorme prazer em ver minha mulher me traindo, digo traindo mas sem razão nem remorso pois é tudo consentido, gosto de vê-la sentir prazer e gosto de me humilhar, de ser chamado de corno do pinto pequeno, estranho não? Gosto disso e não sei explicar porque, enquanto isso ela trepa com vários machos na minha frente, eu me masturbo freneticamente até gozar. Somos ricos e não temos religião, apenas cultivamos uma espiritualidade baseada no amor mútuo, nós nos bastamos, nunca brigamos, quando por acaso ela se irrita comigo ela pega o carro sai e volta uma semana depois, bronzeada e mais bonita do que nunca, eu aproveito esse tempo que ela passa fora para escrever algo, ler alguma coisa que me interesse, levar as crianças no parque, no shopping, gosto de ver meus filhos felizes, gosto quando chego em casa e eles correm para mim gritando papai, sinto-me realmente o homem mais rico do mundo com essas crianças.
Minha mulher é uma morena da pele bem clarinha, gosta muito de academia, mantêm o corpo sempre atraente para os seus amantes, e para mim também ora bolas, por que não haveria de ser para mim, ela me ama. Quando a conheci ela já tinha posses, era de uma família muito rica do sul do Brasil, por isso ela não podia casar comigo por interesse financeiro, pois eu tinha menos grana do que ela na época, hoje aos trinta anos ela é uma mulher curvilínea com coxas bem torneadas e um bumbum bem trabalhado, gostosa mesmo, tem uma tatuagem que pega metade de seu corpo, um dragão chinês muito bonito e em seu corpo então, quando está de biquine, chama muito a atenção. Sito-me muito bem com tudo isso, não tenho ciúmes, não sou desses que acha que a mulher que vive com ele é de sua propriedade, quero que ela seja livre, no dia em que ela quiser ir embora não terei dificuldades em partir para outra, para mim mulher é tudo igual, é só saber ensinar; no entanto tem que ser bonita e ter cérebro, só quero que ela não leve meus filhos para longe de mim. Eu dou aula de filosofia na Universidade Federal do Ceará, ainda sou jovem com meus quarenta e dois anos, não tenho vícios, faço tudo com moderação, fumo um baseadosinho aqui e acolá, e gosto de um bom vinho, mas sempre acompanhado de uma boa refeição ou de um papo legal e divertido, gosto de andar de bicicleta, pedalo uns 50Km por dia e pratico natação pela tarde, estou satisfeito com o meu corpo, meu pênis também não é tão pequeno, acredito que ela usa isso mais como força de expressão para tornar a situação mais humilhante para mim, meu pênis mede 14cm ereto e 5cm flácido, mas não sei por que me demorar nesses pormenores, o importante é que na hora da ação ele está sempre disposto a brincar seja com quem for, sou branco dos cabelos negros, lisos e curtos, dentes brancos, mas não me julgue pelos dentes como se eu fosse um cavalo, tenho três livros publicados, “Violência o avesso do amor”, “Violência o sal do amor”,” O Conceito de Violência”, são três livros que se complementam e que foram muito bem aceitos pelo publico, todo mundo gosta de um pouco de violência. Eu não sou um cara violento, nunca cheguei a brigar na minha vida, mas tenho fascinação por violência, a forma como ela chega à vida das pessoas e invade, destrói, despedaça, transgride, rompe, desnorteia, mata, aleija; a violência é uma força que vai contra alguma coisa, às vezes sem razão e sem direção, nem sempre a violência produz o mal, muitas vezes ela salva vidas, ela impede um mal, muitas vezes ela da sentido a nossas vidas, posso parecer louco, mas às vezes é a violência de um choque elétrico que trás o cardíaco de volta a vida, há milhares de pessoas no mundo que sentem prazer em serem tratadas com violência, claro que uma violência dentro de certos limites e certas regras, mas que não deixa de ser violência.
Não sei o que queria dizer quando comecei esse texto, talvez quisesse só bater um papo comigo mesmo, comecei por falar das festinhas que eu e minha mulher participamos e como isso é natural para mim, a verdade é que amo minha mulher, e outra verdade é que menti quando disse que tinha filhos, não os tenho, mas me pareceu espirituoso colocar aqui, minha esposa, esta sim é muito bonita, mas é pobre, conheci ela fazendo programa em uma boate, lhe propus casamento, disse que daria de tudo a ela e uma casa, ela aceitou, também menti quando disse que era um atleta, tenho 42 anos sim, mas com uma protuberante barriga, fumo dois maços de cigarro por dia, sou alcoólatra, e disse que fumava maconha só para parecer descolado, sou um desocupado, e é verdade que ela me trai sim com uns garotões mal encarados que ela arranja por ai, mais de uma vez ela trouxe essa gente pra cá e eles me assaltam dentro de minha casa, ela fica rindo e diz que é para mim deixar de ser besta, tenho vontade de espancá-la, mas o cafetão dela disse que se acontecer algo ao rostinho bonito dela ele abriria minha barriga em duas, tenho medo, e hoje toda vez que vou transar com ela tenho que pagar pelo sexo, já tentei transar com outras garotas de programa, mas meu pênis não levanta, ela é a única que consegue fazer levantar. Não sei o que tinha na cabeça quando resolvi casar com essa mulher, passei uma casa que tinha para o seu nome e agora ela transformou num cabaré, tem vez que ela não quer deixar eu entrar, e só depois que o macho que tá com ela sai ela permite que eu entre, mas ainda sou apaixonado por ela, ela é uma beleza e quanto mais ela me trata mal, mais apaixonado eu fico.   

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Felicidade





Não faço a menor ideia das realidades tristes que deve haver por ai, sei da minha realidade, não é uma realidade ruim, no entanto não estou muito satisfeito com ela, pobreza é sempre motivo para se viver triste, é evidente que é, mas nem todos os pobres são infelizes, pelo menos eu acho que não, assim como nem todos os ricos são felizes, acho que tem que se aprender a ser feliz, - não -, eu devo estar enganado, não é possível ser feliz, já ouvi falar em momentos felizes, entretanto deve ter alguém no mundo que é realmente feliz e que vive satisfeito apesar de tudo, e acho que isso não é uma virtude dele, mas sim uma condição biológica de seu corpo, que proporciona a ele essa felicidade plena em qualquer situação, assim como existe pessoas depressivas por causa de algum problema químico, deve ter pessoas felizes também por alguma potencialidade química em seu cérebro.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

LIVROS PARA LER





Ganhei de um amigo uma coleção de livros do Graciliano Ramos, coincidentemente eu tinha comprado há alguns dias atrás o livro Angustia do mesmo autor, agora tenho dois exemplares do mesmo livro. Dependendo do meu estado de espírito vai ser um prazer ler todos eles. Já estou lendo Os Pensamentos de Pascal, comecei a ler O Seminarista do Rubens Fonseca e agora estou lendo Angustia. Todos os três livros são bons, sei que serão bons companheiros nas minhas horas de solidão aqui dentro do meu quarto. Tenho muitos livros, pelo menos para mim são muitos, devo ter uns trezentos livros, li alguns deles, mas ainda faltam vários; uma das coisas que mais gosto de comprar são livros, por isso acho que já comprei mais livros do que os li, tenho a coleção do Graciliano Ramos para ler, tenho vários livros do Michel Foucault ainda por ler, mas já li a História da Loucura, foi uma época em que eu estava pesquisando sobre a loucura, pensava estar louco; então li também O Alienista de Machado de Assis e o Elogio da Loucura de Erasmo de Rotterdam, depois li “O que é Loucura?”, uma série de livrinhos que versava por determinado assunto, no fim das contas não fiquei sabendo mais sobre a loucura do que sabia antes; minto, essas leituras expandiram minha mente em relação ao que era loucura e o que as pessoas chamavam de normal.                                                                                                                                                                                                                                    

“Pedante”
Demorei, a saber, o significado desta palavra e me questiono: Talvez esteja sendo pedante por falar dos livros que li, mas na realidade só estou falando os títulos, nada de substancial, de conteúdo dos mesmos, ou alguma analise critica, até mesmo porque não tenho muito talento para analises criticas de obras de arte, para mim são todas obras de arte, para serem apreciadas, não sei como eles conseguem escrever livros e mais livros, enquanto eu para escrever essa página mal escrita me perco, falta assunto, e nunca consigo me deter em um tema só, escrevo por escrever, não sei se sou lido ou não, não sei nem se o que escrevo vale apena ser lido, se eu for me comparar com os livros que leio, não escreveria nada, tenho que me aceitar como o iletrado que sou e escrever como tal, sem me perguntar se estar bom ou ruim, é apenas uma maneira de exercitar minha mente.
Talvez eu esteja sendo muito duro comigo mesmo, não sou muitas vezes o que penso ser, acho que não sou pedante, nem tenho conhecimento o bastante para me jactar com elucubrações fúteis.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Vazio







Por que quando chegamos aos trinta anos de idade temos a impressão de que a vida está acabando? Não sei vocês, mas a mim os trinta anos chegaram como o começo do fim, foi onde constatei de fato que tinha fracassado na vida e que daquele dia em diante tudo seria muito difícil, pois eu seria um peso a ser carregado e que nem todo mundo está disposto a carregar. Foi aos trinta anos que Roquetim do livro a Náusea concluiu que a existência é um absurdo e que não fazia o menor sentido a não ser aquele que damos a ela. Ah, não quero falar da existência de ninguém nem da minha mesmo, isso chega a ser muito cansativo para quem não tem habilidade para falar sobre tal assunto, isso pode dar náuseas.
Olho ao meu redor e vejo uma porção de objetos que deviam me servir de entretenimento, mas hoje olho para eles e não sinto a menor vontade de usá-los. Acho que o que eu queria mesmo era uma namorada, mas não tenho o menor entusiasmo de dar uma cantada em ninguém, tudo parece muito difícil, tudo parece muito distante e sem nexo, não vejo como abordar uma garota sem parecer ridículo, sem parecer inoportuno. Tenho muitas duvidas em relação a mim mesmo, quando penso em mim tenho calafrios, quando me olho no espelho não consigo me aceitar, vejo um ser humano disforme, um ser humano quase podre. Talvez eu esteja dramatizando de mais, e o que importa a minha pessoa? Há coisas mais importantes, não há muito o que fazer por mim, mas também o que é que eu queria? Voltar aos quinze anos e sofrer tudo de novo? Será que isso que eu escrevi tem importância, ou será apenas mais um exercício de digitação que faço? Na realidade estou escrevendo por escrever como sempre. Não tenho um assunto especial, nem sei escrever sobre nada de importante, é apenas uma conversa, uma conversa com ninguém, comigo mesmo, gosto de palavras, de frases, gosto de escrever apesar de não escrever bem ou coisas boas, falo de mim para aquelas pessoas que se identificam comigo, talvez o que conte aqui devia guardar só para mim, mas é que tenho necessidade de me expor, não sei o que é isso, queria conhecer alguém igual a mim, por isso me exponho ao ridículo.