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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Meio cansado de ler Dostoieviski


Estou lendo um livro do Dostoievski que está sendo meio difícil, não que seja a dificuldade de natureza interpretativa, não. O fato é que eu estou ficando cansado de ler, já li várias obras dele, Crime e Castigo duas vezes, O Idiota duas vezes, Memórias do Subsolo umas quatro vezes; e os Irmãos Karamazov eu li há muito tempo atrás e agora estou relendo e está se tornando cansativo.
Por não me lembrar de quase nada do que li na primeira vez, é como se eu estivesse lendo pela primeira vez, mas eu acho que o que está me cansando é o estilo do Dostoievski, não, minto, o estilo é sublime, mas a estória é que me deixa um pouco tenso, não é uma estória leve, é permeada por situações extremas, crises histéricas, crises existenciais, questões de cunho moral, questões de honra e desonra, assassinatos inusitados, humilhações, e tudo escrito com extrema maestria que às vezes pensamos não se tratar de uma ficção, não que acredite que os Irmãos Karamazov tenham existido de fato, mas que é possível que grande parte daqueles personagens existam no mundo real.
Tudo isso torna o texto uma pouco pesado, no sentido de não ser uma leitura leve como se eu estivesse lendo uma revista, pois ler Dostoievski exige que nos transportemos para dentro do livro, e muitas vezes prevemos o que pode acontecer e já ficamos tensos só com a possibilidade do fato acontecer de verdade, e prevemos não por que a estória seja previsível, mas é que o autor nos dá a pista, prepara nossa inteligência para o que ele vai pintar depois.
Muitas vezes fico me perguntando qual é a essência das obras do Dostoievski, o que é que ele quer nos dizer com a soma de todas as suas obras, o que há de essencial nelas. Já li uma vez que há muito do existencialismo em Dostoievski, no fim das contas acho que tudo tem a ver com a consciência e sua relação como o mundo e com Deus, esses três elementos, consciência, mundo e Deus, estão sempre em pauta em suas obras.
A consciência hipertrofiada do homem do subsolo que não deixa que ele viva em paz com o mundo e com ele mesmo. A consciência de Raskolnikov que não o deixou em paz depois do crime que cometeu, apesar de sua teoria afirmar que os grandes homens não sofrem por causa dos crimes que cometem, quando na realidade só os psicopatas são assim, e Deus que justifica essa consciência através de sua Verdade, Deus que redime essa consciência para que ela se cure das culpas que tem em relação ao mundo e a si mesmo, Deus que justifica a existência do homem no mundo, pois como diz o autor em um de seus livros “se Deus não existisse tudo era permitido” o assassinato, o suicídio, como vemos em os Demônios aquele grupo niilista, todos com pretensões homicidas e suicidas com o intuito de criar o caos em meio à sociedade, nesse livro especificamente fala-se muito de suicídio, mas também se fala em culpa e no papel de Deus no mundo.   

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